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quarta-feira, 15 de julho de 2009

CULTURA PATAXÓ


O canto e a dançaO Awê para nós Pataxó significa o amor, a união e a espiritualidade com a natureza. O Awê nos traz segurança e a dança e o canto são instrumentos de comunhão entre nós Povo Pataxó e a natureza. Através do canto e da dança transpiramos e adquirimos novas energias da terra, do ar, da água, do fogo e de todas as energias positivas que formam a natureza.
A PinturaA pintura corporal é um bem cultural de grande valor para nós Pataxó. Ela representa parte de nossa história, sentimentos do cotidiano e os bens sagrados. Usamos a pintura corporal em festas tradicionais na Aldeia como em ritos de casamento, nascimento, comemorações, dança, luta, sedução, luto, proteção, etc. Temos pintura para o rosto, braço, costas e até mesmo para as pernas. Usamos pinturas específicas para homens e mulheres casados e solteiros. As pinturas têm diversidade de tamanho e significados.AlimentaçãoA nossa alimentação tem como base a pesca, coleta de frutos e raízes, bem como, a agricultura. No que se trata das raízes que usamos na alimentação, a mandioca, sem dúvida, é o alimento preferido. É dela que fazemos a nossa bebida sagrada conhecida como kawi, o makaiaba (o beiju) e kuiuna (farinha). Também cultivamos outras raízes como inhame, batata, amendoim, taioba, etc. Um outro alimento muito apreciado é o peixe preparado na folha da patioba, pois ele é um alimento saudável que rejuvenesce o corpo e purifica o espírito.ArtesanatoO nosso artesanato é feito a partir de tudo aquilo que a natureza oferece tais como madeiras, sementes, palhas, cipós, argila, penas, bambu e etc. Alguns artesanatos são feitos de barro como o pote, a talha e a panela. Outros são feitos de cipó como o caçuar e o cesto. E ainda têm os que são feitos com uruba como a peneira e o leque. Toda esta produção artesanal estava ligado às necessidades do cotidiano, bem como, alguns artesanatos estão relacionados a proteção espiritual como, por exemplo, o colar de Tento.Plantas medicinaisA nossa vida em harmonia com a natureza permitiu o conhecimento de várias plantas, raízes, cipós, folhas, sementes, casca de madeiras, resinas e etc. A resina da amesca, por exemplo, serve para purificar o ambiente, fortalecer o espírito e também para afastar as coisas negativas do corpo.

São vários registros históricos que confirmam a presença dos Índios Pataxó nesta região conhecida como “Costa do Descobrimento


KAÊHÁ PATAXÓ UPÚ KARTENIG São vários registros históricos que confirmam a presença dos Índios Pataxó nesta região conhecida como “Costa do Descobrimento”. Nos relatos dos viajantes europeus que visitaram o Brasil no século XIX, por exemplo, encontramos evidências da presença dos índios Pataxó nas regiões litorâneas do Brasil conhecidas como Bahia e no interior das matas de Minas Gerais.
Hoje nos identificamos como Povo Pataxó, originários da Aldeia de Barra Velha, chamada por nós de Aldeia Mãe, área indígena do Monte Pascoal. Estamos distribuídos em várias aldeias por diversos municípios como Prado, Itamaraju, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro; sendo que em cada aldeia tem um Cacique.
A Reserva da Jaqueira foi um dos lugares que fora habitado pelos índios Pataxó no passado. Esse espaço sempre foi considerado um lugar sagrado, morada dos espíritos, lugar de rituais repleto de muita energia positiva. Hoje a Reserva da Jaqueira é um lugar utilizado para a revitalização, afirmação e valorização da cultura Pataxó.
É na Reserva da Jaqueira que desenvolvemos diversas atividades como educação ambiental, aliada ao ecoturismo para o desenvolvimento sustentável; divulgação da nossa história e de vários outros aspectos da nossa cultura como a música, a dança, a culinária, bem como, conhecimento medicinal das plantas, palestras, caminhadas pela mata; também mostramos o nosso modo de viver no território, nossos costumes e tradições em harmonia com a natureza.

SEMANA DO ÍNDIO UMA DÍVIDA COM A HISTÓRIA E UM BURACO NA CONSCIÊNCIA


Estamos em abril, certamente alguém lembrará que neste mês é comemorado o dia do índio, 19 de abril. Muitas fotos serão publicadas e alguns artigos irão rechear as páginas dos jornais e revistas e ilustrar imagens da televisão. Nesta perspectiva, aproveitamos a oportunidade para colocarmos alguns pontos que possam esclarecer a real história e situação indígena, em nossos imensos pais. A compreensão destes pontos é de fundamental importância, para que inspire nos homens a busca da construção de uma sociedade mais justa e mais digna onde não possa haver fronteiras que separe as pessoas, seja pela ideologia política, crença, raça…Embora marginalizados desde o início pela colonização portuguesa, a cultura indígena era, e é tão forte, que contribuiu de forma decisiva para a formação da identidade do povo brasileiro. E, se penetrarmos além das aparências, veremos que nós brasileiros carregamos a cada momento do nosso cotidiano vários elementos indígenas: nos genes, na alimentação, nas músicas e nos inúmeros medicamentos, nos mitos etc. O lado de degradar a natureza, certamente não herdamos dos índios.Se pudéssemos recuar no tempo, talvez resumisse de forma poética essa história da seguinte forma:
O sol ainda tingia de dourado as folhas do buriti, quando pela primeira vez o índio pisou nessa terra Pindorama.Isto foi há muito tempo; de lá para cá, mais de 550 gerações se passaram.No início eram grupos nômades, caçadores e coletores; muito tempo depois eles transformaram em agricultores e colonizaram os verdejantes vales desta terra. Neste local, implantaram suas grandes aldeias e seus roçados.E, assim, viviam tranqüilos, respeitando a riqueza do ambiente e as fronteiras que estabeleceram, fronteiras essas que não tinha arames cercas, ou muros, mas sim a fronteira do respeito, onde todos podiam usufruir do meio em que viviam apenas com objetivo de subsistência.Depois que os troncos e famílias lingüísticas se formaram Tupi foi para o norte, Guarani para o sul, Tupinambás para o litoral e os guerreiros Jê povoaram o centro da América do Sul.
Entretanto, como antropólogo e arqueólogo, sentimo-nos na obrigação de esmiuçar com dados concretos, os passos dessa história, mesmo que seja ainda resumida. E tentar mesmo que longe sentir na pele o que os nossos antepassados viveram.Um povo, uma nação que a milhares de anos povoaram e viveram aqui, sem donos, sem ambição sem a destruição chamada (civilização) (modernidade).
E, assim viviam, até o dia em que irromperam na área, em grandes destacamentos armados, homens diferentes, não interessados em plantar, colher e caçar, nem em construir aldeias entre o cerrado e a mata, ou à beira da lagoa ou do rio. Queriam levar gente, pedras brilhantes e ouro. Para muito longe. Meados do século XVII.Foi o caos. As roças foram pilhadas, as aldeias foram demolidas, as mulheres violentadas, as terras de cultivo invadidas, as pessoas morrendo de doenças desconhecidas. A guerra foi a solução ditada pelo desespero. A derrota, , a desmoralização, a extinção ou a fuga, foram as conseqüências. Êste é o tipo de relações sociais que herdamos e que molda nossa sociedade atual. Espero que este exemplo nos faça refletir e nos impulsione para a busca de um novo alvorecer, que faça brotar em nossos corações um raminho de coragem. E que nos guerreiros indígenas não percamos de vista o que significa ser índio e lutar pela nossa nação. E que pelo sangue dos que tombarão, e pelos gritos de desespero possamos refletir neste dia e todos os dias.Gilberto Pataxó- Aldeia Corumbauzinho Prado Bahia – texto extraído e adaptado Professor titular Dr. Do Instituto do Trópico Subimúdo da Universidade Católica de Goiás.