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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Jogos Pataxó promoveu a integração dos povos indígenas


Durante cinco dias consecutivos, a Aldeia Pataxó em Coroa Vermelha, onde foi celebrada a Primeira Missa do Brasil, foi palco da 9º edição dos Jogos Indígenas Pataxó. Hoje (dia 22), pela manhã ocorreu à premiação. Todas as equipes receberam um troféu característico da cultura indígena, símbolo do cocar que representa a resistência e a sabedoria do povo Pataxó. E cada atleta ganhou medalha (feita de coco com traços da pintura indígena) e certificado de premiação.
Sem caráter competitivo o evento visa integrar os povos indígenas. “O que prevalece é a congregação e a troca de conhecimento cultural. O mais importante não é a competição, e sim a celebração, a união e a força do povo indígena”, ressaltou o locutor oficial dos jogos, JaguatiriPataxó.
Luta corporal, categoria feminina. Jogos indígenas 2009.
Os Jogos Pataxó reuniram, com apoio do Governo do Estado, através da Sudesb, cerca de dois mil participantes. O encerramento das atividades esportivas aconteceu no inicio da noite de ontem (dia 21), após a realização da luta corporal e cabo de guerra. Mas, foi à corrida com tora feminina, o destaque do dia, onde pela primeira vez a prova foi disputada por mulheres. Em seguida, o público foi presenteado com uma bela apresentação do ritual do fogo. Foram momentos de integração, confraternização e muita criatividade. Os índios entraram na arena, vestidos com tangas cocar utilizando pintura corporal. Na partida de futebol, o árbitro utilizou como bandeira uma palha de bananeira.
O representante cultural Mero Pataxó, há nove anos participa da organização dos jogos. “Nosso evento sempre teve o intuito de promover a integração e troca de conhecimentos das culturas indígenas. No inicio, as atividades eram internas, com índios da nossa aldeia. Porém, foi em 2008, a partir do apoio do Governo do Estado que conseguimos expandir e trazer diversas etnias para participar”, ressaltou Mero.
Corrida com tora, categoria masculina. Jogos indígenas 2009.
Estiveram presentes índios das etnias Pataxó, Pataxó Hãhãhãe e Tupinambá, divididos em dezesseis equipes: Paraná Porán, Caramuru, Pé do Monte, Boca da Mata, Meio da Mata, Impiriba, Barra Velha, Aldeia Velha, Escola Kijêtxawê, Aroeira, Jakira, Torcoté, Tapurumá, Turutarí, Nova Coroa e Birai.
TURISMO – Os jogos também movimentaram o turismo da cidade. Turistas de diversos estados, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, apreciaram o evento e foram convidados pelos organizadores a participar das modalidades em disputa. Os gaúchos Jenario Santos e Fabiano Godim, ficaram empolgados com a corrida de tora e resolveram experimentar. Como brinde, receberam a camisa do evento, que prometeram guardar como lembrança, e voltar no próximo ano. “É a primeira vez que participamos de um evento esportivo e cultural bonito como este. É maravilho estar aqui. O evento resgata grande parte da nossa história que já foi esquecida por muitos, pretendo voltar em 2010”, ressaltou Godim.
Fotos:Paulo Neves

A experiência de turismo sustentável na reserva de Jaqueira, na Bahia”, durante o II Seminário Internacional de Turismo Sustentável


Jaguatiry Pataxó foi palestrante do painel “A experiência de turismo sustentável na reserva de Jaqueira, na Bahia”, durante o II Seminário Internacional de Turismo Sustentável, realizado de 12 a 15 de maio em Fortaleza, Ceará.Nesta entrevista, ele fala um pouco sobre o ecoturismo na aldeia Coroa Vermelha, situada no sul da Bahia, próximo a Porto Seguro, uma das regiões mais exploradas pelo turismo de massa no Estado. De que forma é realizado o turismo na comunidade de vocês? Jaguatiry Pataxó - É um projeto pioneiro de ecoturismo na região. Primeiro tem uma palestra cultural, a gente fala um pouco da cultura Pataxó, (sobre) os processos de transformação ao longo dos anos, a luta pela demarcação da terra. (Pataxó) Era um povo que vivia numa só comunidade. Em 1950, teve um massacre na aldeia. Policiais nos confundiram com um grupo que saqueou uma vila. O massacre durou por volta de 28 dias. Depois, as pessoas tiveram que se dividir e surgiram 23 aldeias (20 na Bahia e 3 em Minas Gerais). São ao todo 15 mil Pataxó (no país). Há quantos anos vocês praticam o turismo comunitário e como surgiu a idéia?
Jaguatiry Pataxó – Há 10 anos. O ecoturismo surgiu porque a gente vivia num território de mata primária, mata atlântica e a gente queria usar o espaço sem agredir. Como a gente vive numa área turística, a gente viu a necessidade do visitante chegar na comunidade e não ver o indígena só como objeto de exposição, de chegar só para comprar o artesanato e ir embora. A gente quer um turista que respeite as regras da comunidade, seus membros e valorize o que está conhecendo. Como é a distribuição da renda gerada com o turismo na comunidade? Jaguatiry Pataxó - Com a renda, ajudamos a escola indígena, o posto de saúde, damos suporte às outras associações que não têm local físico para trabalhar. Que tipos de associações? Jaguatiry Pataxó - Associação de pescadores, indígena, a cooperativa de habitação, a associação comunitária e também a associação de agricultores indígenas. Agora a gente quer criar um roteiro nas aldeias para as associações. Como vocês vêem o turismo convencional, de massa? Jaguatiry Pataxó - Existem agências que atuam com o turismo de massa, como a CVC. A CVC já procurou a gente, mas a gente não quer quantidade, a gente quer qualidade. Não adianta vir com quinhentos (turistas) que a gente não vai conseguir dar o nosso recado.
Por Aline Baima, assessora de Comunicação do II SITS